RESISTĂNCIA A DESINFETANTES EM CLĂNICAS, CANIS E GATIS
- VetJr. UFMG
- 14 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de mar. de 2022

A limpeza e a desinfecção sĂŁo consideradas os principais mĂ©todos de prevenção de doenças. Ă indispensĂĄvel que se adote um programa de limpeza e desinfecção abrangente e de uso rotineiro, visando a diminuição e manutenção de uma concentração baixa de microrganismos patogĂȘnicos no ambiente, dificultando, desta forma, a probabilidade de infecçÔes.
A desinfecção consiste em controlar ou eliminar os microrganismos indesejĂĄveis, utilizando-se processos quĂmicos ou fĂsicos, que atuam na estrutura ou metabolismo dos mesmos. Diversos sĂŁo os desinfetantes utilizados em canis e clĂnicas veterinĂĄrias, como a amĂŽnia quaternĂĄria, diĂłxido de cloro, hipoclorito de sĂłdio, entre outros. Contudo, estudos recentes vĂȘm demonstrando a habilidade de certas bactĂ©rias em se adaptar e criar formas de resistir tambĂ©m a agentes desinfetantes, como o hipoclorito de sĂłdio que Ă© altamente empregado nas clĂnicas pelo seu baixo custo e eficĂĄcia (ESTRELA, CRA., 2000). Os desinfetantes sĂŁo classificados pelo seu nĂvel de ação: alto, mĂ©dio e baixo:
- Alto nĂvel: sĂŁo os desinfetantes que podem eliminar quase toda forma de vida, incluindo atĂ© uma grande parte dos esporos (dependendo do caso). SĂŁo recomendados para materiais semi-crĂticos.
Exemplos: glutaraldeĂdo, ĂĄcido peracĂ©tico e perĂłxido de hidrogĂȘnio.
- MĂ©dio nĂvel: substĂąncia quĂmica que elimina bactĂ©rias vegetativas, micobactĂ©rias, a maioria dos vĂrus e fungos em um perĂodo de tempo de no mĂnimo trinta minutos, sem ação contra esporos bacterianos. Ă recomendada para artigos nĂŁo crĂticos.
Exemplos: Formol, hipoclorito de sódio (dependendo da concentração e do tempo de exposição) e ålcool 70%.
- Baixo nĂvel: substĂąncia quĂmica que elimina bactĂ©rias vegetativas, alguns vĂrus e fungos em um perĂodo de tempo menor ou igual a dez minutos, sem ação contra micobactĂ©rias e esporos bacterianos.
Exemplos: quaternårio de amÎnio, detergentes e hipoclorito de sódio em baixas concentraçÔes.
Vale ressaltar que o nĂvel de ação, e consequentemente a eficĂĄcia e espectro de ação, dependem do tempo de ação, da concentração do desinfetante e da correta limpeza prĂ©via do material. Ă sempre necessĂĄria uma limpeza fĂsica (com escovas e esponjas, por exemplo) e quĂmica, com detergentes e sabĂŁo para retirada total da matĂ©ria orgĂąnica, previamente Ă desinfecção.
O uso contĂnuo de um determinado desinfetante ou o manuseio incorreto, como a mistura de desinfetantes, pode neutralizar o seu princĂpio ativo e criar resistĂȘncia dos microrganismos a esses produtos. AlĂ©m disso, pode promover reaçÔes quĂmicas que produzem subprodutos tĂłxicos, prejudicando a saĂșde do animal e a de quem estĂĄ manuseando. Para garantir a eficiĂȘncia da desinfecção e evitar o aparecimento de cepas de microrganismos resistentes a determinados desinfetantes Ă© importante intercalar o uso de produtos com princĂpios ativos diferentes.
Na hora de escolher o desinfetante para uso na clĂnica, canil ou gatil, deve-se levar em conta alguns fatores:
- Espectro de ação: se atinge todas as formas bacterianas e de vĂrus (envelopados e nĂŁo envelopados), alĂ©m de fungos. Se tem ação contra esporos (dependendo do caso Ă© necessĂĄrio)
- Toxicidade: alguns desinfetantes sĂŁo muito eficazes, porĂ©m sĂŁo tĂłxicos. O aplicador deve levar isso em conta pela questĂŁo risco X benefĂcio.
- Facilidade de uso: existem desinfetantes prontos para uso, ou que dependem apenas de
diluição em ågua, facilitando a aplicação.
- Tempo de ação: verificar quanto tempo é necessårio para correta desinfecção do material.
- Custo X benefĂcio: deve-se avaliar o custo do produto, e caso seja muito alto, checar se hĂĄ necessidade de uso daquela opção.
Entende-se por manejo sanitĂĄrio, um conjunto de medidas cuja finalidade Ă© proporcionar aos animais Ăłtimas condiçÔes de saĂșde. Essas medidas se baseiam principalmente na prevenção, podendo destacar os processos de limpeza e desinfecção como alguns dos procedimentos profilĂĄticos. Tendo isso em vista, o manejo sanitĂĄrio se faz necessĂĄrio no programa de desinfecção das clĂnicas veterinĂĄrias, petshops, canis e gatis.
Escrito por: Paula Caldas
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